quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Baby da Bahia


Pedro Tourinho*
Não estamos mais na década de 70, mas domingo, dia 09, tem show de Baby Consuelo na Concha Acústica do TCA. Não consigo escrever sobre outra coisa senão isto, porque o evento é, por diversos motivos, um grande acontecimento em nosso cenário cultural. 
Falo com propriedade, pois já assisti a esse show há algumas semanas, no Rio, e ele nos oferece um espetáculo que vai muito além da qualidade musical, ou da emoção em ouvir grandes sucessos na voz de quem os consagrou. O novo show de Baby nos oferece uma metáfora e um exemplo de como podemos re-produzir e re-significar nossa identidade enquanto baianos e brasileiros. 
Tudo começou com o desejo de Pedro Baby de dividir o palco com sua mãe e com a certeza de que, sem dúvida, existe palco e público para uma artista com a história de Baby Consuelo. Seu repertório, do tempo em que vivia a vida secular, muito além dos Novos Baianos, a coloca em pé de igualdade com qualquer diva da música brasileira. Gal, Rita, Marisa. Faltava apenas o show.
Baby conta que, ao receber o convite de Pedro para montar uma apresentação só com seus sucessos, teve de consultar Deus para ver se poderia ir em frente. E como Deus poderia ser contra uma ideia como essa? Sinal verde concedido e Baby se entregou totalmente à direção do seu filho, que concebeu e dirigiu um espetaculo que passa por todos os grandes momentos da sua carreira, que se confundem com grandes momentos da música brasileira nas décadas de 70 e 80.
E, com chancela divina, Baby está inteira no palco. Em estado puro. Em fé e festa. No repertório, o que fez de melhor. A Menina Dança, Tudo Azul, Telúrica, Todo Dia Era Dia de Índio, Masculino e Feminino, Tinindo Tricando, Acabou Chorare, Sorrir e Cantar como Bahia... Essa última muito especial. Também nesse show, Caetano Veloso faz uma participação fenomenal cantando Menino do Rio, música que compôs para Baby cantar.
Os Novos Baianos estão - separadamente - voltando pelas mãos de uma geração que ouviu, mas que não viveu os Novos Baianos nos palcos. É a geração de Pedro Baby, produzindo esse show junto com sua mãe, e de Davi Moraes, que também rodou o país com o show de 40 anos do Acabou Chorare junto com seu pai. É a geração de Henrique Dantas, que levou 11 anos para concluir o documentário Filhos de João. É uma geração bem-sucedida, criada em outros tempos, que hoje pode trazer esses elementos da nossa cultura para um novo contexto, resignificando nossa identidade. 
E  mais, não basta fazer, tem que ser bem feito. Com um time de produção de primeira linha, liderados por Paula Lavigne, o show de Baby foi produzido com o cuidado e a qualidade que grandes artistas merecem. Do figurino de Felipe Veloso a iluminação inteligente, do repertório aos arranjos originais, músicos jovens e hiperprofissionais, tudo foi feito para entregar ao público uma apresentação com a qualidade dos grandes espetáculos. Vale o exemplo para nossa Bahia. Temos que nos produzir, nos apresentar, tendo como ponto de partida nossa história, nossa relevância e nossa identidade. Não podemos nos acomodar na falta de recursos, no público aparentemente reduzido e na incredulidade dos incrédulos. Significamos - de verdade - muito mais.
Somos novos, mas somos baianos. Temos a obrigação de fazer um movimento semelhante ao do filho de Baby, e guiar nossa terra por um novo/velho caminho. Nós, filhos da Bahia que deu certo, mas que negligenciamos a negligência, temos o dever de atualizar nossas raízes e apresentar para um novo público, do jeito certo, bem feito, elementos fundamentais da nossa existência cultural enquanto baianos e brasileiros.
Só assim poderemos garantir não só o futuro da nossa terra, mas também a relevância da nossa identidade nas gerações que estão por vir. Viva os novos Novos Baianos. 
Nos vemos na Concha.

* Pedro Tourinho  é publicitário e especialista em mídia pela UCLA

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Memória Urbana


Lourenço Mueller*
O bairro de Brotas é uma espécie de microcosmo desta cidade do Salvador. Vales, colinas, extratos sociais diversificados e berço de grandes nomes baianos. Que o diga o acadêmico Joaci Goes, dotado de privilegiada memória, capaz de lembrar-se de detalhes da casa e dos filhos de meu tio José Lourenço Costa, participante da 1ª Semana de Urbanismo. Citada pelo arquiteto, urbanista, mestre de ciências sociais e agora escritor Isaias de Carvalho Santos Neto (Memória urbana: poética para uma cidade. Salvador: Edufba.2012. Lançado em 31 de outubro pp), a 1ª Semana foi a marca das prováveis primeiras discussões institucionais sobre a cidade, ainda em 1935 e plantou as sementes do Epucs, revivido lendariamente por Diógenes Rebouças em aulas inspiradas. O professor Diógenes, ligando meu nome ao de José Lourenço Costa – engenheiro graduado em universidade americana, professor da Politécnica e responsável por parte da eletrificação da cidade (um dos pioneiros funcionários da Companhia de Energia Elétrica da Bahia, a avó da Coelba) – distinguiu-me com saborosas histórias da primeira experiência de planejamento urbano desta cidade.
Conto este fato para roubar do irmão de meu pai um pouco de tradição e legitimidade no meu ofício de urbanista e articulista (como lembrou Alexandre Cunha Guedes, seu ex-aluno, Costa escreveu neste jornal a coluna “O escravo elétrico”), instigar arquitetos mais jovens e os emergentes que não tiveram a sorte de se maravilhar com estas narrativas em versão original.
O trabalho de Isaias registra um pedaço de Brotas, o Acupe, onde viveu parte da infância, na “Roça”, como era conhecida a propriedade em família. Morei numa das ruas geradas pelo parcelamento da enorme gleba, a Rua José Carlos e também tenho lá as minhas lembranças.
Tive momentos de intenso êxtase emotivo conduzido pelas veredas “poéticas” lembradas por Isaias, de incrível completude icnográfica pelas fotos antigas que ele paciente e magicamente desencavou.
Não fosse o autor possuir formação acadêmica tão rica e ter passado pela Faculdade de Filosofia no curso de pós-graduação criado por Machado Neto e do qual fizeram parte nomes como Nadya Castro, João José Reis , Consuelo Novais Sampaio, Luiz Mott, Célia Maria Leal Braga, Vivaldo da Costa Lima, entre outros, e apenas uma aluna brilhante o suficiente para representar o alunato, Marília Muricy, não fora essa formação e as leituras polissêmicas que fez em disciplinas não incluídas na grade do curso de Arquitetura e não teríamos uma história urbana tão mesclada de aportes ao mesmo tempo emotivos e de crítica teórica, como a confirmação de que as cidades são a representação espacial de uma sociedade (pg. 164, citando Weber e Lefébvre) ou a “cidade é um estado de espírito...um produto da natureza...humana” (pg.172, menções à chamada escola de Chicago, de Louis Wirth e Robert Ezra Park).
A Edufba e sua diretora Flavia Garcia Rosa estão mais uma vez de parabéns por prodigalizarem esses eventos à nossa comunidade tão carente de discussões sobre urbanismo fora da torre de marfim: em abril deste ano publicou uma reedição que comentei em artigo de A Tarde (29.04) ! Bêabá da Bahia e de qualquer metrópole” com prefácio de Fernando da Rocha Peres, também citado por Isaias.
O autor lembrou-se de delícias históricas como o açougue, o armazém e a carvoaria na esquina da Clião Arouca coma D. João VI (pg. 1440 e ...dos bondes. Também uma gentil leitora, Itana Viana, me escreve sobre bondes, o que prova que Salvador “do já foi e do já teve” é pioneira nestes misteres de transporte sobre trilhos.
Antes da posse do prefeito eleito pensei em desdobrar mais “conselhos ao príncipe”, mas perdi-me (ou achei-me) na poética de Isaias. Vou pongar no bonde da Memória Urbana e sonhar com um museu que recolha a história oral das pessoas – como os registros de Isaias e de gente como Itana – para construir memória viva da Salvador dos trilhos, esses que funcionaram um dia e tem sido tão difíceis de refazer hoje...
*Arquiteto e Urbanista

Por que 20 de novembro?

Ana Célia Silva*
As comemorações de amanhã, dia em que se comemora a imortalidade de Zumbi dos Palmares, último líder de um quilombo que durou 100 anos, segundo a memória coletiva do povo negro dos tempos de outrora e de muitos historiadores comprometidos com a história de um povo construtor e mantenedor, em grande parte, do Estado brasileiro, evoca uma série de ações que transformaram a vida de muitos negros e negras no Brasil, a partir da memorável Marcha Zumbi dos Palmares em Brasília no ano de 1985 e as  ações do movimento negro junto ao governo federal,  apresentando propostas  a nível econômico, jurídico, educacional, de gênero, e de raça e exigências coletivas para seus cumprimentos.
Na área da educação professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras,  desmascararam a educação universalista e eurocêntrica veiculada pelos currículos de ensino e apresentaram  experiências e ações sólidas desenvolvidas nos últimos anos pelas entidades negras,  onde as vivências, os cotidianos,  as culturas e  as histórias de todos os grupos constituintes da sociedade  brasileira pudessem ser contadas.  
Resultantes dessa ação estão presentes uma solida literatura construída por pesquisadores/as, poetas, contistas, teatrólogos/as, entre outros/as, desconstruindo e reconstruindo a representação do povo negro nos materiais didáticos, contando em poemas e contos o cotidiano da população negra, encenando as alegrias, certezas, vitórias e lutas em peças teatrais memoráveis, dirigindo e protagonizando papéis em filmes que marcaram uma outra visão da nossa participação na construção e manutenção da vida no país.
Na atualidade, a luta pela igualdade de direitos na educação, no trabalho, na saúde, na justiça, vem em um processo onde muitas vitórias já podem ser contadas. A adoção de políticas de ação afirmativas no âmbito da educação, entre elas a política afirmativa de cotas, que estabelece a concorrência para o acesso à universidade entre os iguais sociais, raciais e educacionais, nos faz vislumbrar senão a quebra, mas uma fragmentação cromática na  participação nos cargos de prestígio e de poder decisório em futuro próximo, se consolidadas as políticas de permanência dos estudantes ingressos pelas cotas nas universidades.
Para não dizer que não falei de dança, música e carnaval, que constituem a alma da gente negra, parafraseando Bois, devo dizer que se não fosse o Ilê Aiyê e os demais blocos afros e afoxés, que seguiram sua trilha de incentivo à autoestima e redescobrimento do orgulho de ser negro, cantando a nossa história e cultura, a nossa beleza negada, visibilizando uma população invisibilizada pelas mídias, seria muito mais difícil as vitórias conseguidas, com muito esforço, admitamos. 
Atualmente estamos envidando esforços para que a nossa luta por  respeito e direitos iguais, seja uma luta de todos e de todas, porque precisamos estar conscientes de que nenhum país será livre e desenvolvido enquanto a maioria do seu povo viver em condições de subalternidade e que as diferenças não se traduzem em desigualdades, mas em enriquecimento. 
E como dizia o saudoso poeta baiano Jônatas Conceição, Zumbi é o Senhor dos Caminhos. E eu digo, salve Zumbi rei, que reina e reinará sempre no coração de todos nós. 
Ana Celia da Silva -Professora titular da Ufba

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Fazendo Arqueologia em Salvador

Paulo Ormindo de Azevedo*
No auge da repressão, no final dos anos 60, me exilei voluntariamente na Itália e em Portugal, fazendo um doutorado. Nessa oportunidade conheci toda a Europa. Já era um arquiteto e cada nova cidade era uma descoberta e uma aula. Em Roma, Praga ou Paris aprendi que nenhuma cidade de verdade pode existir sem um rio, um lago, um mar e arquiteturas de todos os tempos. Em Veneza e Amsterdã vagabundeando por suas ruelas pensei comigo: esta é a condição que toda cidade deve almejar: estar livre de carros, possuir um céu azul e poder se refletir nas águas tranquilas dos canais. Não alcançarei, mas algum dia todo o tráfego urbano será subterrâneo e as ruas devolvidas aos cidadãos.
Voltei algumas vezes à Europa e em cada oportunidade aproveito para rever um beco, uma praça, uma ponte ou uma fonte. Está tudo em seu lugar, ainda bem! Mas a sempre um novo museu, uma sala de concerto ou uma estação de metrô da melhor arquitetura para refletir a antiga. Há um mês voltei à Itália para participar de um seminário na Sardenha. Revi Milão, Turim, Roma e conheci Cagliari e algumas vilas da ilha. O país está em crise econômica e política, mas suas cidades têm uma vida urbana impressionante e serviços públicos que funcionam. São milhares de pessoas curtindo suas praças, suas ruas e pontes. Não apenas turistas, mas casais jovens e velhos conversando em bancos públicos ou em torno de uma mesa debaixo de um toldo para comer e beber civilizadamente pastas, queijos e vinhos maravilhosos, como a nossa cozinha afro e aperitivos. Os fast foods servem apenas a turistas apressados, que não curtem nada, apenas fotografam.
Revejo a Salvador do final dos anos 60, quando fui à Europa. A cidade ainda estava íntegra e o inspetor-geral dos monumentos franceses, Michael Parent, em relatório para a UNESCO afirmou que Salvador era uma cidade-de-arte como Toledo e que havia um potencial turístico imenso nas cidades do Nordeste. Passado meio século, Salvador é uma cidade irreconhecível. Não me refiro só ao Centro Histórico esvaziado de seus valores humanos, sociais e imateriais, mas toda a cidade, sem céu, nem mar, obstruídos por torres-pardieiros paulistanos, “o vesso do avesso”, com seus traseiros embandeirados de panos de bunda.
A “modernidade especulativa” destruiu o nosso diferencial turístico transformando em ruína toda Cidade Baixa, Saúde e Palma. Os nossos bairros tradicionais foram destruídos pela introdução indiscriminada de serviços e espigões. O Corredor da Vitória, de onde se via por entre viletas e jardins a baía e Itaparica, foi emparedado por espigões de ocasião. Graça, canela e Barris com seus chalés e bangalôs já não existem como bairros. Os aprazíveis balneários de Itapagipe, Rio Vermelho, Amaralina e Itapuã. Também bairros populares, como Liberdade, pau Miúdo, Corta Braço e o subúrbio ferroviário, de intensa vida social, foram sucateados.
Onde está o paisagismo elegante do Passeio Público, da Piedade e do Jardim da Graça? E os balaústres, mosaicos e totens das calçadas do Largo do Teatro, da Barra, do Farol e do Rio Vermelho. Arquitetados pelo napolitano Filinto Santoro? Foi tudo destruído pela incúria de nossos prefeitos para dar lugar a formigueiros verticais e ao carro privado. Pouquíssimo restou da arquitetura neoclássica, da eclética de Rossi Baptista e Felinto Santoro e da modernista, de Diógenes Rebouças e Assis Reis. Do casario colonial só resta o cenário vazio do Pelourinho.
Caminho hoje por uma Salvador irreconhecível, transformada em um cipoal de concreto, sempre atento para não ser assaltado, narrando a arqueologia da cidade para os meus filhos e netos: aqui era o bairro dos mercadores, ali dos ferroviários, aqui existiu um rio, uma praça, um jardim, um chafariz, uma fábrica. Salvador me faz lembrar a Nova York do filme Planeta dos Macacos, cuja única coisa reconhecível é a estátua da Liberdade. Em Salvador, depois da invasão dos gorilas predadores, restará apenas o Elevador Lacerda arruinado, mas transformado em museu arqueológico. Não sou um saudosista, senão um futurólogo angustiado.
*Arquiteto e professor titular da Universidade Federal da Bahia


domingo, 11 de novembro de 2012

Esquecendo eleições

 Antônio Risério*
Despachei e-mail para meu querido amigo Caetano Veloso: pela primeira vez , depois de anos, fechamos numa eleição com os mesmos candidatos: Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, Fernando Haddad em São Paulo, Neto em Salvador. Afora isso, vibrei com a virada de Fruet em Curitiba (tinha inclusive feito uns trabalhos de pré-campanha para ele, com Giovanni Soares, no ano passado).
Na verdade, torci total pela vitória de Freixo, chama inovadora na velha paisagem político-eleitoral do Rio. Fui para São Paulo mergulhar de corpo e alma na campanha de Haddad, figura que, como a nossa hoje presidente Dilma, conheci em 2006 na campanha da reeleição de Lula. E defendi a que a vitória de Neto seria melhor para a nossa cidade do que a de Pelegrino, sujeito mentalmente limitado, incapaz até de voos rasteiros. Há tempos não concordávamos assim. Eleitoralmente, eu e o poeta-pensador. Conversávamos sobre eleições, mas geralmente em posições diversas.
Mas não quero fazer análises, me concentrar em papos enviesados (depois do resultado das urnas, é fácil fazer interpretações, mas deixo isso para jornalistas e professores universitários), nem nadar em ressacas eleitoras. Mas algumas coisas merecem ressalte. Por exemplo: em São Paulo, apresentamos e defendemos abertamente um candidato. Mostramos seus feitos, suas virtudes, suas propostas – contra um José Serra em avançado estágio de autodeterioração política e ideológica, usando sucessivas máscaras reacionárias, mentindo para si e para toda a população. Em suma: ostentamos Haddad, vistosamente.
Na Bahia, ao contrário, até tentavam me esconder Pelegrino. Com o seguinte papo o voto não é no candidato – é no “projeto”. Em que projeto, pelo amor de Deus? Até o projeto nacional de Lula foi construído, em grande medida, contra a falta de senso, de realidade, contra a falta de projeto do próprio PT. E o PT precisa aprender isso. Não pode falar de “projeto” porque não o tem,globalmente, como partido. Haddad vai governar, inclusive, contra a intolerância e o sectarismo petistas, tendo de enfrentar a “nefasta” tradição do corporativismo, em áreas fundamentais como as da educação e da saúde pública. Ou seja: em vez de esconder o candidato atrás de um “projeto” trata-se , na verdade, de exibir o candidato para ocultar as graves e grandes deficiências do “projeto”, ok?
Outra coisa: não me venham com a conversa fiada de retorno do carlismo. Não existe carlismo sem Antonio Carlos (carlismo só existe na fantasia de das viúvas políticas de ACM, sejam elas de direita ou de esquerda, ambas ressentidas e revanchistas, sem saber pensar se lhes tirarem o velho do caminho e da cabeça). E, se existisse sem Antonio Carlos, o carlismo já teria voltado há tempos. Graças ao PT local, claro. Com Otto Alencar no papel de guru e vice-governador, com Cézar Borges na função de aliado preferencial, com carlistas ocupando cargos de comando no governo estadual, com Sérgio Carneiro (sim: carlista desde criancinha – e acusado de coisas corruptas no governo do pai João Durval) se destacando entre os quadros petistas.
 Mais, como bem viu Paulo Fábio: com Wagner aplicando a “gramática do carlismo” para assegurar sua hegemonia baiana. E não existe carlismo, ainda, porque –como bem sabem antropólogos, travestis, internautas e vendedores de cafezinho – neto não é avô.
Bem. O que espero de Neto é que ele não olhe menos em Luiz Eduardo (homo politicus) do que em Antonio Carlos , que pare de posar de “protagonista da CPI do mensalão”, não pise na bola das trocas de favores e se abra de fato para o diálogo crítico sobre a cidade. Espero, principalmente, que ele cumpra o que está prometendo a si mesmo, como já disse em entrevistas: pensar o futuro da cidade de forma plural, sem boçalidade, numa conversa séria. E é o seguinte. Salvador está caindo aos pedaços. Tem de reconfigurar a sua expansão urbana, reativar a sua memória, diminuir distâncias sociais, recuperar a sua criatividade e reconquistar o seu lugar na vida brasileira. Quem não vir isso, não será prefeito.
*Antropólogo e escritor

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

' ...e só Carolina não viu.'

Emiliano José*
As eleições passaram. Permanece a cidade, alicerce de nosso cotidiano. Acredito que a cidade se constrói com a participação decisiva das pessoas que nela vivem. Não pode ser um fenômeno a ser compreendido e construído a partir apenas das eleições, embora, por evidência, estas sejam um momento essencial da existência da vida em comum que caracteriza as aglomerações humanas que chamamos cidade. A disputa eleitoral e seu resultado fotografam, e bem, um momento, e devem nos fazer refletir, insisto nisso, na importância da política, sobre a qual falei em artigo anterior, buscando a herança de Hannah Arendt. 
José Carlos Zanetti, companheiro de jornada política desde 1968, garimpou um texto imperdível de Antonio Gramsci, datado de fevereiro de 1917, que leva o título “Os indiferentes”, tirado de Marxists Internet Archive. Não vou aspear. Vou selecionar partes, as que considero mais importantes, tudo de Gramsci. Viver significa tomar partido. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, covardia. Não é vida. Por isso, odeio os indiferentes. A indiferença é o peso morto da história. É a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos. A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua.  
A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória da indiferença, do absentismo. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos. Quando os fatos que amadureceram vêm à superfície, parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos. Os indiferentes, então, zangam-se, querem eximir-se das conseqüências, preferem que não se saiba de sua indiferença, não querem a responsabilidade pelo que aconteceu. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente. Mas, nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem o mal, combatiam noutra direção. 
Curioso é que os indiferentes, consumadas as coisas, abrem perspectivas teóricas, discutem alternativas, apresentam ótimas soluções. Estas, no entanto, são belissimamente infecundas. Esse contributo para a vida coletiva não é animado por nenhuma luz moral. É produto apenas da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero. 
Odeio os indiferentes, também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. É como se a sua abulia não implicasse qualquer conseqüência. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe cotidianamente, do que fizeram e, sobretudo, do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo sentir compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. 
Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno número se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar, ou afogue a sua desilusão injuriando o sacrificado porque não conseguiu o seu intento. Lembrei-me de Chico Buarque – o tempo passou na janela e só Carolina não viu. Vivo, sou militante .Por isso, odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes. A indiferença é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca.  Os melhores ideais das cidades podem ser derrotados sob o peso do absenteísmo, travestido muitas vezes de reflexão intelectual, já o disse acima. Viva Gramsci! Viva a política! Viva a cidadania ativa que constrói a cidade de hoje e a de amanhã.
 *Artigo publicado originalmente na edição desta segunda-feira, 05, no jornal A Tarde






Conselhos ao novo prefeito de Salvador

 Luiz Mott*
Como soteropolitano preocupado com o futuro da nossa querida Salvador, além de reconhecido defensor dos direitos humanos, de 10% da nossa população constituída pela comunidade LGBT, convicto que conselho e canja de galinha não fazem mal a ninguém, lá vão algumas sugestões de um ancião suprapartidário ao nosso novo prefeito. Ouça a todos, fale pouco, trabalhe pra valer! Ande sempre com um gravadorzinho de bolso ou uma caderneta para registrar as ideias, críticas e sugestões dos munícipes. Escolha como secretários e assessores somente mulheres e homens de reconhecida capacidade, honestidade e impoluta história de vida. Sem nepotismo, sem qualquer tipo de discriminação por sexo, cor, idade, religião, orientação sexual, ideologia política. Aproveite somente as boas ações, estratégias e realizações exitosas de seu avô, o polêmico ACM, descartando radicalmente seus erros, mandonismo, desafetos e equívocos políticos. Ainda bem que não herdamos atavicamente os mal feitos de nossos antepassados! Tenha coragem e inteligência de assumir que o carlismo e seu partido carecem de mudanças radicais. Comece tudo de novo, afaste-se definitivamente da direita moribunda e dos fundamentalistas. Cumpra rápida e rigorosamente todas as promessas de campanha. Seja esperto incorporando as boas propostas dos demais candidatos, pois seu dever é melhorar as condições de vida da nossa pobre Salvador, independente da autoria das proposições. Dialogue serenamente com a presidente e com o governador do Estado, garantindo sempre o melhor para toda a população. A fim de compensar as acusações de suposto enriquecimento de sua família através da política, seja magnânimo: doe integralmente seu salário de prefeito para diferentes instituições de caridade. Não lhe fará falta. Fique na História, prezado ACM Neto, como o prefeito que tapou o buraco das ruas de Salvador, modernizou o transporte público, erradicou a violência urbana e garantiu os direitos humanos, melhorou nosso serviço de saúde e a qualidade de ensino, que restaurou o Pelourinho e nossa orla. Não nos decepcione! 
*Professor titular de Antropologia da Ufba - 
** Charge: Bruno Aziz ( Jornal A Tarde)

sábado, 3 de novembro de 2012

Num mundo paralelo: Desafios para Pelegrino


Osvaldo Campos Magalhães*
Com a vitória do candidato do partido dos Trabalhadores na eleição de domingo, Salvador terá a oportunidade de experimentar uma inusitada situação. Pela primeira vez, desde o fim do regime militar, um mesmo partido dominará o executivo municipal, estadual e federal.
Enfrentando uma gigantesca campanha midiática contra seu partido, face ao julgamento da ação penal 407, o novo prefeito eleito demonstrou uma rara qualidade nos políticos da atualidade. Destemor.
Os desafios serão inúmeros e me apegarei a ao maior deles na atualidade. Mobilidade Urbana. Os milhões de trabalhadores soteropolitanos sofrem diariamente, em ônibus e trens superlotados, por quase 3 horas, para se deslocarem da casa para o trabalho e vice- versa.
Salvador nunca realizou uma concorrência pública para concessionar seu transporte público de passageiros e sofre nas mãos de um cartel muito bem organizado, articulado e com ampla representação na Câmara de Vereadores.
Seu Metrô, após 12 anos de obras e quase um bilhão de Reais consumidos, encontra-se parado, à espera que o Governo Federal subsidie sua operação.  As obras da linha 2 estão atrasadas e dificilmente ficarão prontas para a Copa 2014.
Para equacionar a questão da Mobilidade Urbana de Salvador, Pelegrino precisará não somente da prometida ajuda dos governos federal e estadual, mas, terá que quebrar paradigmas.
É inadmissível, que em pleno século XXI, uma minoria de 20% da população, com seus caros veículos de uso quase individual, ocupem mais de 80% das vias públicas.  
Restringir a utilização de automóveis em determinadas áreas das cidades já vem sendo utilizado com sucesso em diversas cidades do mundo, sendo o caso de Londres o mais emblemático.
Durante a gestão de Kenneth Livingstone, eleito primeiro prefeito de Londres em 2000, (quando da extinção do Greater London Council), foi introduzido o “Congestion Charge”, pedágio urbano da região central londrina. Medida tida inicialmente como impopular e revolucionária, o pedágio urbano londrino se mostrou uma acertada decisão, diminuindo os congestionamentos na região central e permitindo a obtenção de recursos para a melhoria do transporte público de passageiros. A Introdução de faixas exclusivas para ônibus e a implantação de extensa malha de ciclovias foram medidas complementares à implantação do pedágio urbano e garantiram enorme popularidade a Livingstone, que se reelegeu em 2004.  Nada de postos de pedágio. Fiscalização do pagamento através de câmeras de monitoramento, que ajudam também na preservação da segurança pública.
Outras cidades, como Cingapura, pioneira no pedágio urbano, Estocolmo e Copenhague, adotaram medidas de restrição à utilização de automóveis nas regiões centrais da cidade e incentivo aos ônibus e às bicicletas. Em cidades como México e São Paulo, a restrição à circulação de automóveis se dá, sem muito sucesso, com a adoção do rodízio de veículos por final de placa. Na Holanda, os veículos são rastreados por satélite e pagam por extensão de deslocamento realizado.
Certamente a reação da classe média será muito forte. Vão alegar que já pagam IPVA, IPI e ICMS e poderão, com a ajuda de seus representantes eleitos para a Câmara Municipal, conturbar a gestão do novo prefeito.
Contudo, Pelegrino deve adotar medidas que beneficiem a maioria da população. Lembremos que durante a campanha a proposta do candidato era a de construir 12 viadutos. Sabemos no estudo da engenharia de trânsito, que viadutos muitas vezes não resolvem problemas, transferem para outro lugar. Podemos constatar este fato aqui mesmo em Salvador, nos elevados construídos pelo atual prefeito na região do Iguatemi e Tancredo Neves. As empreiteiras agradecem, e querem grandes obras viárias. E a população?
Quer transporte digno e uma eficiente mobilidade urbana.
Restringir a utilização dos automóveis nas regiões mais movimentadas da cidade e concomitantemente aumentar a oferta de um sistema público de transportes eficiente exigirá uma atitude de extrema coragem e habilidade política do nosso prefeito. A utilização de micro-ônibus climatizados pode ser uma primeira medida paliativa. A implantação de modernos street cars, como faz a maiorias das cidades europeias e Portland nos Estados Unidos, uma solução atraente, sofisticada e definitiva.
A maioria da população ficará grata ao prefeito pela coragem de enfrentar os supostos direitos adquiridos de uma parcela da população.  A gritaria vai ser forte. A oposição, legítima representante da população mais rica da cidade, certamente fará campanhas contra a medida.
Lembremos que o prefeito londrino Livingstone chegou a ser expulso do Partido Trabalhista, na época liderado pelo primeiro ministro Tony Blair. Contudo, em novembro de 2003, Livingstone recebeu o título de politico do ano, (Political Studies Association.) e foi reeleito prefeito em 2004.
Seguindo a lógica de Maquiavel, devemos adotar as medidas duras de forma rápida, enquanto ainda dispomos de cacife para tal.
Contudo, governar exige coragem e ousadia para quebrar paradigmas.
Não é tarefa para fracos.
*Engenheiro Civil, especialista em Transportes e Mestre em Administração com foco em Tecnologia e Competitividade (UFBA).

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Zaragoza investe em conscientização e reduz consumo de água



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Cidade tem até parque dedicado à água
Foto: Zaragoza Turismo
A cidade de Zaragoza, na Espanha, tornou-se exemplo mundial em economia de água, com uma estratégia muito simples: conscientização. O projeto Zaragoza, a cidade que poupa água foi implantado em 1997, quando 60% dos habitantes do município não tinham acesso a qualquer método de redução no consumo do recurso natural.
O objetivo de reduzir um bilhão de litros de água foi alcançado somente um ano depois do início do projeto. A quantia representa 5,6% do consumo nacional anual. Para que desse certo, foi necessário investimento em políticas públicas e um trabalho intenso de conscientização na população.
A conscientização foi feita primeiro por meio de campanhas de sensibilização, relatando a importância ambiental e financeira da redução do consumo de água, e posteriormente com a divulgação de soluções práticas de controle de fluxo.
Os resultados foram expressivos, com mais de um bilhão de litros economizados por ano, participação de 60% das escolas no projeto e o apoio de mais de 150 instituições, entre públicas, privadas, ONGs, sindicatos e mídia.
Atualmente, Zaragoza é a cidade que possui o menor índice de consumo per capita de água da Espanha, abaixo dos cem litros diários. Informações sobre o tema estão facilmente disponíveis na internet, no jornal temático “da Água” ou pela newsletter que é enviada a mais de mil e-mails, com notícias e projetos relacionados à gestão da água.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Baía de Todos os Santos - de 1501 a 2030


Eduardo Athayde*
Movida a energia eólica, única disponível na época para impulsionar caravelas além mar, a expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos foi enviada para mapear as novas terras. Acompanhada por Américo Vespúcio, cartógrafo florentino, cruzou o Atlântico e aportou do outro lado do mundo em águas calmas, protegidas e desconhecidas, no dia 01 de novembro de 1501. Seguindo a tradição, a baía descoberta foi consagrada aos santos do dia. Batizada, a Baía de Todos os Santos – BTS, Bahya na grafia antiga, deu nome ao Estado e conferiu identidade aos seus habitantes - baianos.
Cinco séculos depois a BTS assume novo status. Como uma das maiores baías da Terra, banha, abriga e impulsiona o berço da civilização de
uma nova potência global. Segundo o FMI o Brasil subirá da posição de sétima economia do mundo, onde está, para quinta, em 2014, ano em que
a mídia da Copa trará para o país - e para Salvador - as grandes redes internacionais de comunicação, revelando a exuberante baía tropical para a comunidade internacional e seus investidores.
Diante das crescentes pressões do desenvolvimento, a área de influência econômica da BTS, onde 70% do PIB do estado é gerado, precisa de um novo sistema de governança. Hoje, além das competências administrativas constitucionais dos 14 municípios que a bordejam, liderados por Salvador, múltiplas instituições a nível federal, estadual e municipal têm competências legais estabelecidas sobre a área, criando um emaranhado de normas e burocracias individuais que, sobrepostas, emperram a gestão e os investimentos.
Presidente de uma das maiores transnacionais brasileiras, Marcelo Odebrecht, expressou em recente palestra na Associação Comercial da Bahia - ACB, o sentimento pelo descaso e o esquecimento da BTS, ressaltando sua esperança para que esta tendência seja revertida. Carente de monitoramento, infraestrutura e soluções objetivas para resolver problemas que se acumulam, o desenvolvimento sustentável da BTS é prejudicado pelo labirinto burocrático dos processos, gerando instabilidade jurídica e insustentabilidade, inclusive para o que precisa ser culturalmente e ambientalmente preservado. O pensamento de Odebrecht está alinhado com instituições que focam numa agenda positiva e montam uma rede de ações para a baía.
Buscando modelo de gestão experimentado em varias baías do mundo, a ACB e o Rotary BTS articulam a criação da Agencia de Gestão da BTS, onde as instituições com mandatos sobre a área, iniciativa privada e o Ministério Público, comporiam o conselho, definindo plano diretor e gestão executiva, como já acontece em várias baías do mundo. Convidados, dirigentes da Agencia de Gestão da Baia de São Francisco, estiveram em Salvador para assinatura do Protocolo de Cooperação com a ACB. No mesmo evento, a candidatura da BTS foi apresentada para membro do influente clube “Le Plus Belles Baies du Monde” (As Mais Belas Baías do Mundo), instituição sediada em Paris que reúne baias dos quatro continentes.
Enquanto o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pilotado pela Secretaria de Turismo da Bahia, propõe transformar a BTS na principal zona turística do estado, com investimentos de 83 milhões de dólares; o Instituto Kirimurê, da Ufba, estuda a BTS visando a formação de base de dados e de profissionais capacitados para a sua gestão, e o Gabinete Português de Leitura, por sua vez, promove a III Semana da BTS, abordando a historia, a cultura e os potenciais da baía.
Alinhada com a Confederação Nacional da Indústria – CNI que publicou o estudo “Cidades: Mobilidade, Habitação e Escala – Um Chamado à Ação” para subsidiar debates e soluções, a Federação das Indústrias da Bahia - FIEB criou o Instituto Movimenta Salvador, focado na mobilidade, na infraestrutura e no desenvolvimento da região metropolitana.
Buscando conexões internacionais o Rotary BTS e o Rotary San Francisco, na Califórnia, articulam encontros entre o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto, e o prefeito de São Francisco, Edwin Lee, convidado especial para o carnaval, visando estreitamento de laços e cooperação entre as carismáticas cidades e baías dessas potências globais. Levantamentos e mapeamentos feitos, a agenda positiva foca em soluções. Atuantes em diferentes frentes e alinhadas nos propósitos, essas instituições formam uma poderosa rede de ações silenciosas, construindo caminhos para o projeto “BTS 2030", com plano diretor iniciado pela geração presente, sintonizado com os desejos e os direitos das gerações futuras.
* Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil